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A História e a Técnica da Cerâmica
A
palavra "CERÂMICA" deriva do termo grego KERAMIKE, derivação de KERAMOS,
que significa argila. Cerâmica é o conjunto de actividades
destinadas
à elaboração de toda a espécie de objectos, com barros de qualquer classe,
decorados ou não, utilizando-se a propriedade que possui a argila de se
moldar facilmente no estado de barro cru (húmido), adquirindo dureza à
medida que avança a sua secagem ou por efeito da cozedura.
Foi durante o Neolítico, fase do desenvolvimento técnico das sociedades humanas, correspondente ao seu acesso a uma economia produtiva, que a cerâmica foi inventada. Este período, caracterizado pelo desenvolvimento de novas técnicas tem no entanto como factor de primordial importância o estabelecimento de novas relações entre o homem e o meio natural, decorrentes da descoberta de meios de controlar e desenvolver os recursos para a sua sedentarização.
Considerou-se durante muito tempo que a cerâmica era uma característica deste período. No entanto o reconhecimento de um neolítico pré-cerâmico no Próximo Oriente ( Jericó ) e as descobertas de vasos cerâmicos em grupos nómadas datados de cerca de 6000 AC. no Japão, obriga-nos a considerar a existência de duas fases: a pré-cerâmica entre o fim do VIII milénio
AC. e o princípio do VI e a cerâmica a seguir a esta data e que se prolongou até à idade do Bronze.
Era no Sudoeste da Ásia (Irão, Palestina e Sul da Turquia) que se davam espontaneamente o trigo e a cevada, bem como existia no estado selvagem
o gado bovino e caprino que permitiram a revolução (passagem a uma economia de produção) acima referenciada.
Não é pois de estranhar que o desenvolvimento inicial da cerâmica se tenha dado no Próximo Oriente, visto ter sido aí que se verificou a
necessidade de armazenar os alimentos recolhidos da agricultura; de casas para abrigar uma população crescente; de símbolos que satisfizessem as necessidades espirituais e fornos que transformassem a farinha do trigo em pão que levou à construção de vasos, tijolos, estatuetas e elementos decorativos em argila.
Quanto a Portugal há que referir alguns seguintes aspectos: houve um primeiro período em que se manifestaram as influências Europeia e Mediterrânea para o aparecimento e desenvolvimento desta arte, através dos "invasores" no primeiro caso e dos mercadores no segundo.
O aparecimento de um tipo específico de cerâmica proveniente de uma cultura situada no Vale do Tejo e que posteriormente se espalhou por toda a Europa: a cerâmica
campaniforme.
A existência de uma cerâmica típica ( cerâmica ibérica), ao tempo da chegada dos Romanos e a importância destes e mais tarde dos Árabes para
o futuro desenvolvimento da olaria.
A existência de vários tipos regionais durante a Idade Média, alguns dos quais perduram até ao presente.
O grande desenvolvimento verificado nos últimos séculos XVII e
XVIII, especialmente neste último, devido à existência de
ceramistas de vulto
como Brioso e Vandelli e à fundação de Fábrica do Rato, que esteve na base do aparecimento de outras fábricas importantes por todo o território.
O aparecimento no século XIX da porcelana (Vista Alegre) e da faiança fina (Sacavém) em parte como reacção à invasão do nosso mercado por produtos ingleses, melhores e mais baratos, porque fabricados pelo novos processos saídos da Revolução Industrial
O aumento do número de fábricas verificado nos fins do século XIX e primeiras décadas do século XX e o seu decréscimo nas décadas seguintes , como consequência da concentração industrial que era apanágio da "grande indústria" nascente, processo a que a cerâmica não ficou alheia.
Cerâmica é a denominação comum a todos os artigos ou objectos produzidos
com argila e queimados/assados ao fogo. A transformação do barro em cerâmica acontece durante a queima. Quando a argila é queimada e se torna firme, na sua primeira queima obtêm-se o chamado biscoito, que apesar de não mais voltar ao estado plástico ainda possui características frágeis, pois se cair no chão ou levar uma pancada mais forte, parte-se em muitos pedaços.
A argila existe em toda superfície terrestre. Alguns tipos são encontrados a céu aberto e outros em minas subterrâneas ou jazidas. A argila quando
retirada da natureza geralmente contém corpos indesejáveis, impurezas orgânicas, e por isso necessita ser beneficiada através de processos mecânicos e químicos. Para cada categoria da produção cerâmica a produção das massas argilosas necessita do acréscimo ou da retirada de elementos em sua composição, de acordo com sua aplicação, evitando assim a ocorrência de rachaduras e esfacelamento. Dos muitos tipos de argila existentes são produzidas as massas cerâmicas que são utilizadas na fabricação de utensílios cerâmicos como telhas, tijolos, manilhas, pisos, etc.; que é a chamada cerâmica estrutural.
 As massas de adobe são empregadas cruas na construção de moradias.
Tem-se a chamada louça branca usada em peças sanitárias, azulejos, pisos de alto impacto, refractários, isoladores eléctricos, condutores eléctricos, etc. E as massas cerâmicas para a chamada cerâmica artística.
A Cerâmica pode ser definida como material inorgânico, não metálico obtido
geralmente após tratamento térmico em temperaturas elevadas. Os materiais cerâmicos são fabricados a partir de matérias-primas classificadas em naturais e sintéticas. As naturais mais utilizadas industrialmente são:
argila, caulino, quartzo, feldspato, filito, talco, calcita, dolomita,
magnesita, cromita, bauxito, grafita e zirconita. As sintéticas, incluem entre outras alumina (óxido de alumínio) sob diferentes formas (calcinada, eletrofundida ); carbonato de silício e os mais diversos produtos químicos
inorgânicos .
Cerâmicas têm propriedades eléctricas como isolantes de alta-voltagem, em resistências, como a memória em computadores, velas na combustão interna de motores e, mais recentemente, em aplicações de supercondutores de alta temperatura. Cerâmicas são essenciais para a indústria de construção, para a industria petroquímica, para gerar electricidade, para as comunicações,
exploração espacial, medicina, sanitários. Filtros de cerâmica feitos de porcelana porosa podem isolar micróbios e bactérias do leite e água
potável, separar poeira de gases e remover partículas sólidas de líquidos.
Escudos de cerâmica, os quais são leves e resistentes ao impacto, têm sido confeccionados para proteger aviões, veículos militares e soldados.
Cerâmicas mono-cristais têm importantes aplicações mecânicas, eléctricas e ópticas. Cerâmicas incluem itens tão delicados que podem ser quebrados por um leve toque, tão resistentes que podem proteger nosso próprio corpo e tão duradouros que permanecem depois de milhares de anos revelando-nos a história dos nossos mais remotos ancestrais. Uma das operações mais importantes da
confecção de objectos em cerâmica é a vidragem. O objectivo da
vidragem é o de tornar os objectos de barro impermeáveis à água, e
além disso é também o de lhes dar cor. Podem-se obter vidrados de
várias qualidades – de cor, incolores, transparentes ou mates.
Para a aplicação do vidrado, começa-se por vidrar a peça.
Depois do vidrado estar seco, pinta-se a peça, utilizando ou
não tintas de vidro para cerâmica de cores.
Os objectos
vidrados têm de ser colocados no forno em cima de pequenos tripés de
barro, com o maior cuidado, e de maneira a não ficarem encostados
uns aos outros. Os objectos vão então à cozedura, para vidrar: nesta
cozedura o forno aquece até à temperatura final de 1.000 a 1.0400,
de acordo com as instruções que acompanham o pó de vidrar. Desta vez
pode-se pôr o regulador da temperatura do forno no máximo. Se
aparecerem no vidrado pequenas rachas, é porque o vidrado não era de
qualidade apropriada para o tipo de barro utilizado (o coeficiente
de contracção era diferente). Esses recipientes ficam mal
impermeabilizados.
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